domingo, 10 de setembro de 2017

ADÃO, EVA E A SERPENTE

 
          Foi quando estava numa pindaíba danada, que o Bodão resolveu trabalhar no Censo, e eles também resolveram (sei lá com que critério!) que o Bodão podia ser um bom Recenseador.
          Visitando residências, ele deparava com as coisas mais inusitadas possíveis, mas de uma nunca esqueceu...
          Chegou numa casa modesta, bateu palmas.
          Logo saiu um homem de aspecto rústico, sério demais.
          O Bodão se apresentou, e ele só fez:
          --- Hum.
          Bem... Aí o Bodão iniciou as perguntas de praxe... (Uma que ele apôs não tão de praxe assim, como veremos a seguir...).
          --- Como é o seu nome?
          --- ADÃO. --- Respondeu o homem com uma seriedade ancestral, para não dizer abissal.
          --- Hum... Certo. --- E o Bodão anotou ali, onde devia anotar.
          --- E qual o nome da sua esposa?
          --- EVA. --- Respondeu o homem, com um jeito rústico de assombrar.
          --- Hum... --- Só fez o Bodão, franzindo o cenho, anotando.
          Súbito lhe veio uma pergunta imbecil à cabeça, que se tornou mais imbecil ainda quando ele a expressou assim, após dar um risinho malicioso:
          --- Por acaso aqui também não mora a SERPENTE DO PARAÍSO?
          Então o homem se deixou envolver por um largo sorriso pela primeira vez, ele que fora tão sério até aqui! Tão feliz lhe pareceu a criatura, que o Bodão ficou deveras pasmado.
          Entendeu tudo então, quando o sujeito gritou lá pra dentro:
          --- SOGRA! Chega aqui! VIERAM TE BUSCAR!
          Aí Bodão ouviu um arrastar de chinelos vindo lá de dentro...

          Com um jeito inquieto, e de quem não entendia nada, encerrou precipitadamente as perguntas ali mesmo e se mandou; nem viu a “serpente” aparecer...
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POR: ADhemyr Fortunatto.

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