O AUTOR COM SUA OBRA:
UM PEQUENO TRECHO DESSE LIVRO DE MUITO HUMOR:
Mas o garoto Bodão aborrecia ao pai também em outro
sentido.
O
danadinho não gostava de sanfona nem de zabumba... Dizia que dava preguiça
tocar aquilo! ... Mas gostava de violino!
O
pai não se conformava:
---
Meu minino, Padim Ciço, vai é se torná uma bichona preguiçosa! Magina Padim,
ele cismou em tocar violino! Uhem, uhem, uhem...
---
Mas filho, violino também é digno! Muitas músicas que louvam a Deus têm como
base o violino! --- Defendia o menino, afinal ele era coroinha na paróquia
local.
---
Mas, Padim, num pedi fio santo, não. Tenho mais tu. Preciso de mais santo não!
Esse moleque, Padim, é mole por demais da conta, preguiçoso que é uma peste,
parece que não aguenta com uma sanfona, não! Uma vez eu pus uma na cacunda dele,
o muleque caiu pra frente, deu uma cambalhota com sanfona e tudo, Padim.
O
‘Padim’ então riu.
E
assim ele se imaginava falando com o Padre Cícero.
Mas
um dia o menino o surpreendeu:
---
Painho quero ir mais mãinha na casa de Chistolina!
---
Qui... fazê... Na... Casa... Daquela... Gosto... Daquela muié? --- Ficou tão
admirado o pai, que quase perdeu a voz.
---
Mãinha vai sempre lá comprá verdura da mãe de Chistolina, por isso eu quero ir
mais ela pra móde ver Chistolina tocar sanfona, que eu tô mais é gostando da
coisa!
O
pai quase deu pulos de alegria! Até que enfim o filho estava se interessando
por sanfona!
---Vai,
cabrinha, vai! --- E avisou a esposa de que o menino iria com ela.
Chistolina
era muito bonita!
E
tocava sanfona muito bem!
E
logo que Chistolina dava os primeiros acordes, o Bodão se atirava ao chão...
Sala
cimentada, vermelha e ainda encerada, era um prato cheio para o então menino
Bodão. Ela tocava, ele deitava...
Contava
então onze anos aquele pentelho.
Sua
mãe não entendia --- acho que nunca
entendeu --- por que mal a Chistolina pegava na sanfona, o Bodão já se
atirava ao chão.
---
Levanta, muleque! --- Ordenava ela.
---
Oxe! Eu levantá? Agora que tá bão! --- Respondia ele, sem obedecer.
Quando
insistiam, ele dizia que era “porque o
chão era limpinho”...
A
mãe encafifava, por certo, pois desde então ele já não era chegado a nada disso
de asseio.
---
Bodinho, vai tomá banho!
E
ele, --- Pra móde quê tomá banho hoje, se
vou me sujá amanhã?
E
ela, --- Mas se dormir sujo, vai sujá o
lençol, sua peste!
Mas
quê... Sua peste gostava mesmo é de
ficar sujo!
Como
se vê, o Bodão sempre foi prático (?), se bem que cheio de sujeira atrás das
orelhas e nas juntas.
É...
Chistolina era bem ‘coisadona’ (ele dizia
isso em vez de gostosa!), tocava bonito, a sanfona dela era um sanfonão de
dar gosto!
E
naquele tempo as mulheres quase não usavam calça comprida, não. A Chistolina
usava só saia, e que saia!
E
numa dessas, o menino Bodão percebeu que se deitasse ao chão, em frente à
cadeira em que ela sentava, podia ver a calcinha da Chistolina...
Então,
mal ela dava as primeiras dedilhadas e puxava o fole, o Bodão já estava
deitadão, de olhar bem fixo! ...
Ô sanfonão!
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